quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Hormonioterapia para Câncer de Mama












 A terapia hormonal é uma forma de terapia sistêmica, o que significa que atinge células cancerígenas em qualquer parte do corpo e não apenas na mama. É indicada para mulheres com tumores receptores hormonais positivos.

A hormonioterapia é frequentemente utilizada após a cirurgia (terapia adjuvante) para ajudar a reduzir o risco da recidiva da doença. Às vezes, ela é iniciada antes da cirurgia (terapia neoadjuvante). Geralmente é administrada por pelo menos 5 a 10 anos.

A hormonioterapia também pode ser usada para tratar a recidiva da doença ou o câncer de mama avançado.

Cerca de 67% dos cânceres de mama são receptores hormonais positivos. Suas células têm receptores que se ligam aos hormônios estrogênio (RE+) e/ou progesterona (RP+), que ajudam as células cancerígenas a crescerem e se disseminarem.

Existem diversos tipos de hormonioterapia para o câncer de mama. A maioria dos tipos de terapia hormonal diminui os níveis de estrogênio ou impede o estrogênio de atuar sobre as células cancerígenas da mama.

Medicamentos que bloqueiam os receptores de estrogênio

Esses medicamentos agem impedindo o estrogênio de atuar nas células do câncer de mama:

          Tamoxifeno

Esse medicamento bloqueia os receptores de estrogênio nas células do câncer de mama. Isso impede o estrogênio de se unir às células cancerígenas, que faz com que elas cresçam e se dividam. Enquanto o tamoxifeno age como um antiestrogênio nas células da mama, ele age como estrogênio em outros órgãos, como útero e ossos. Por isso é denominado modulador seletivo do receptor de estrogênio (SERM).

O tamoxifeno pode ser usado de diversas maneiras:

  • Em mulheres com alto risco de câncer de mama, o tamoxifeno pode ser usado para reduzir o risco de desenvolver câncer de mama.
  • Para mulheres tratadas com cirurgia conservadora da mama para carcinoma ductal in situ, com receptor hormonal positivo, administrar tamoxifeno por 5 anos diminui a chance de recidiva. Também reduz a chance de contrair um câncer de mama invasivo nas duas mamas.
  • Para mulheres com câncer de mama invasivo receptor hormonal positivo tratadas com cirurgia, o tamoxifeno pode diminuir as chances de recidiva e aumentar a sobrevida. Também pode reduzir o risco de um novo câncer na outra mama. O tamoxifeno pode ser iniciado após a cirurgia (terapia adjuvante) ou antes da cirurgia (terapia neoadjuvante) e geralmente é administrado por 5 a 10 anos. Para câncer de mama em estágio inicial, é usado principalmente em mulheres que ainda não tiveram a menopausa.
  • Para mulheres com câncer de mama hormonal positivo disseminado para outros órgãos, o tamoxifeno pode muitas vezes ajudar a diminuir ou bloquear o crescimento do tumor e reduzir alguns tumores.

Toremifeno. É outro SERM que age de forma similar, mas é usado com menos frequência e só está aprovado para tratar câncer de mama avançado. O toremifeno provavelmente não responde se o tamoxifeno já foi usado e deixou de responder. Esses medicamentos são administrados, por via oral.

Os efeitos colaterais mais frequentes do tamoxifeno e do toremifeno são ondas de calor e secura vaginal.

Algumas mulheres com doença disseminada nos ossos podem apresentar dor e inchaço nos músculos e nos ossos. Isso geralmente diminui rapidamente, mas em alguns casos raros, a mulher pode também apresentar altos níveis de cálcio no sangue que são difíceis de controlar. Se isso acontecer, o tratamento pode precisar ser interrompido por um determinado tempo.

Os possíveis efeitos colaterais são raros, mas importantes:

  • Esses medicamentos podem aumentar o risco de desenvolver cânceres de útero em mulheres que já passaram a menopausa. Informe seu médico, imediatamente, se apresentar qualquer sangramento vaginal, um sintoma comum desses cânceres. A maioria das hemorragias uterinas não é câncer, mas esse sintoma sempre precisa de atenção imediata.
  • Formação de coágulos sanguíneos são outro possível efeito colateral importante. Geralmente se formam nas pernas e são denominados tromboses, mas às vezes podem complicar e provocar embolia pulmonar. Entre em contato com seu médico, imediatamente, se apresentar sintomas, como dor, vermelhidão ou inchaço na perna, falta de ar ou dor no peito.
  • Raramente, o tamoxifeno tem sido associado a acidentes vasculares cerebrais em mulheres na pós-menopausa. Portanto, informe seu médico se apresentar sintomas, como dores de cabeça severas, confusão ou problemas de fala ou para se movimentar.

Dependendo se a mulher já passou a menopausa (ou não), o tamoxifeno pode ter efeitos diferentes nos ossos. Em mulheres na pré-menopausa, o tamoxifeno pode provocar algum desgaste ósseo, mas em mulheres na pós-menopausa muitas vezes fortalece o osso. Os benefícios desses medicamentos superam os riscos para quase todas as mulheres com câncer de mama receptor de hormônio positivo.

          Fulvestranto

O fulvestranto é um medicamento que bloqueia e elimina os receptores de estrogênio. Esse medicamento não é um SERM; age como um antiestrogênio em todo o organismo.

O fulvestranto é administrado:

  • Isoladamente para tratar o câncer de mama avançado que não foi tratado com outra terapia hormonal.
  • Isoladamente para tratar o câncer de mama avançado após outros medicamentos hormonais, como o tamoxifeno e, frequentemente, um inibidor da aromatase, pararam de responder.
  • Em combinação com um inibidor de CDK 4/6 ou um inibidor de PI3K para tratar o câncer de mama avançado como hormonioterapia inicial ou após outros tratamentos hormonais terem sido tentados.

É administrado em injeções por via intramuscular. No primeiro mês, a cada duas semanas. Após é administrado mensalmente.

Os efeitos colaterais frequentes a curto prazo podem incluir:

  • Ondas de calor ou sudorese noturna.
  • Dor de cabeça.
  • Náuseas.
  • Dor óssea.
  • Dor no local da injeção.

Tratamentos que reduzem os níveis de estrogênio

Alguns tratamentos hormonais agem diminuindo o nível de estrogênio no organismo. Como o estrogênio estimula o crescimento do câncer de mama receptor hormonal positivo, a redução do nível de estrogênio pode retardar o desenvolvimento do câncer ou evitar a recidiva.

          Inibidores de aromatase

Os inibidores de aromatase são medicamentos que impedem a produção de estrogênio. Antes da menopausa, a maioria do estrogênio é produzida pelos ovários. Mas para mulheres cujos ovários não estão funcionando, seja devido à menopausa ou a determinados tratamentos, uma pequena quantidade de estrogênio ainda é produzida pela enzima aromatase no tecido adiposo. Os inibidores de aromatase agem bloqueando essa enzima.

Esses medicamentos são mais úteis em mulheres que já passaram a menopausa, embora também possam ser usados em mulheres na pré-menopausa se combinados com a ablação do ovário.

Existem três inibidores de aromatase indicados para o tratamento do câncer de mama:

  • Letrozol.
  • Anastrozol.
  • Exemestano.

Esses medicamentos são administrados por via oral diariamente.

Uso em terapia adjuvante. A hormonioterapia pode ser administrada após a cirurgia para reduzir o risco da recidiva. Já foi demonstrado que administrar um inibidor de aromatase isoladamente ou após o tamoxifeno, tem uma resposta melhor do que administrar apenas o tamoxifeno por 5 anos.

Os esquemas de tratamento mais utilizados para esses medicamentos incluem:

  • Tamoxifeno, por 2 a 3 anos, seguido por um inibidor de aromatase até completar 5 a 10 anos de tratamento.
  • Inibidor de aromatase por 2 a 3 anos, seguido por tamoxifeno por 5 anos.
  • Tamoxifeno por 5 anos, seguido de inibidor de aromatase por 5 anos.
  • Inibidor de aromatase por 5 a 10 anos.
  • Para mulheres que não podem usar um inibidor de aromatase, a opção é tamoxifeno por 5 a 10 anos.

Para a maioria das mulheres na pós-menopausa com câncer de mama receptor de hormônio positivo é indicada a terapia adjuvante com um inibidor de aromatase. Atualmente, o tratamento padrão é administrar esses medicamentos por 5 anos ou alternar com tamoxifeno por um total de pelo menos 5 anos, ou tomar na sequência tamoxifeno por pelo menos 3 anos. Para mulheres com alto risco de recidiva, pode ser indicado um inibidor de aromatase por 10 anos. O tamoxifeno é uma opção para mulheres que não usar um inibidor de aromatase. Administrar tamoxifeno por 10 anos é considerado mais eficaz do que por 5 anos, mas seu médico decidirá o melhor esquema de tratamento para o seu caso.

Possíveis efeitos colaterais. Os inibidores de aromatase tendem a ter menos efeitos colaterais importantes comparados com o tamoxifeno. Eles não provocam câncer de útero e raramente causam trombose. No entanto, os inibidores de aromatase provocam frequentemente dores articulares, que podem ser semelhantes aos sintomas de artrite em diferentes articulações simultaneamente. Esse efeito colateral pode melhorar trocando o inibidor de aromatase. Se isso acontecer, a maioria dos médicos indica o uso de tamoxifeno para completar os 5 a 10 anos de hormonioterapia.

Como os inibidores de aromatase removem todo o estrogênio após a menopausa, podem provocar osteoporose e até mesmo fraturas. Se você está tomando um inibidor de aromatase, seu médico pode prescrever medicamentos para fortalecer os ossos, como bisfosfonatos ou denosumabe.

          Ablação ovariana

Para mulheres na pré-menopausa, remover ou desativar os ovários (ablação ovariana), a principal fonte de estrogênio, efetivamente a mulher entra na pós menopausa. Isso pode permitir que outras terapias hormonais, como os inibidores de aromatase sejam usadas.

Existem diversas maneiras de remover ou desativar a função dos ovários:

  • Ooforectomia. Cirurgia para remover os ovários. É uma forma de ablação ovariana permanente.
  • Análogos de LHRH (Receptor do hormônio liberador do hormônio luteinizante). Esses medicamentos são usados com mais frequência do que a ooforectomia. Eles bloqueiam o sinal que o corpo envia aos ovários para produzir estrogênio, provocando menopausa temporária. Os medicamentos análogos de LHRH incluem a goserelina e o leuprolide, que podem ser usados isoladamente ou com outros medicamentos hormonais (tamoxifeno, inibidores de aromatase, fulvestranto), como terapia hormonal em mulheres na pré-menopausa.
  • Medicamentos quimioterápicos. Alguns medicamentos quimioterápicos podem danificar os ovários das mulheres na pré-menopausa que já não produzem estrogênio. Para algumas mulheres, a função ovárica retorna meses ou anos mais tarde, mas em outras, o dano aos ovários é permanente e leva à menopausa.

Todos esses métodos podem provocar sintomas de menopausa, incluindo ondas de calor, sudorese noturna, secura vaginal e alterações no humor.

Tipos menos frequentes de hormonioterapia

No passado, alguns outros tipos de hormonioterapia foram bastante utilizados, mas, atualmente, raramente são administrados. Esses incluem:

  • Acetato de megestrol, um medicamento do tipo progesterona.
  • Andrógenos (hormônios masculinos).
  • Altas doses de estrogênio.

Essas podem ser uma opção se outras formas de hormonioterapia já não responderem, mas como quaisquer medicamentos podem provocar efeitos colaterais.

Para saber se o medicamento que você está usando está aprovado pela ANVISA acesse nosso conteúdo sobre Medicamentos ANVISA.

Para saber mais sobre alguns dos efeitos colaterais listados aqui e como gerenciá-los, consulte nosso conteúdo Efeitos Colaterais do Tratamento.

Texto originalmente publicado no site da American Cancer Society, em 18/09/2019, livremente traduzido e adaptado pela Equipe do Instituto Oncoguia.


Fonte:  ONCOGUIA

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Câncer de Tireoide


 

                                                               






















O câncer da tireoide é o mais comum da região da cabeça e pescoço e afeta três vezes mais as mulheres do que os homens.  Pela mais recente estimativa brasileira (2018), é o quinto tumor mais frequente em mulheres nas regiões Sudeste e Nordeste (sem considerar o câncer de pele não-melanoma).

Os carcinomas diferenciados são os tipos mais frequentes. Dentre eles estão o papilífero (entre 50% e 80% dos casos), o folicular (de 15% a 20% dos casos) e o de células de Hürthle. Existem ainda os carcinomas pouco diferenciados (cerca de 10% dos casos) e os indiferenciados (também cerca de 10%).

Estatísticas

Estimativas de novos casos: 13.780, 1.830 sendo homens e 11.950 mulheres (2020 - INCA).

 Número de mortes: 869, sendo 298 homens e 571 mulheres (2019 - Atlas de Mortalidade por Câncer - SIM). 

O que aumenta o risco?

História de irradiação (ter sido submetido à radioterapia) do pescoço, mesmo em baixas doses

História familiar de câncer da tireoide

Associação com dietas pobres em iodo

Como prevenir?

Manter o peso corporal adequado.

Sinais e sintomas

A presença de um nódulo na tireoide, glândula localizada na região anterior baixa do pescoço, normalmente não é indicação de câncer. Entretanto, a ocorrência de nódulo tireoidiano em pacientes com história de irradiação prévia do pescoço (que já foram submetidos à radioterapia) ou história familiar de câncer da tireoide é considerado suspeito.

Nódulos tireoideanos que apresentam crescimento rápido também são mais suspeitos de serem malignos.

Nódulo tireoidiano, associado à linfonodomegalia cervical (gânglios linfáticos aumentados no pescoço) e/ou à rouquidão, pode ser indicação de um tumor maligno.

Em alguns casos mais avançados, além da rouquidão, sintomas compressivos e até mesmo sensação de falta de ar e dificuldade em engolir alimentos podem ser sintomas sugestivos de malignidade diante de uma massa localizada na tireoide.

Detecção precoce

A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar o tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento.

A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.

Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de tireoide traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado.

Já o diagnóstico precoce desse tipo de câncer possibilita melhores resultados em seu tratamento e deve ser buscado, principalmente, com a investigação de algum nódulo inexplicado na tireoide. A conduta diante dos nódulos tireoideanos está bem estabelecida e vai levar em consideração a idade, o sexo, a apresentação do nódulo e sua evolução, a realização da ultrassonografia e do exame de sangue. Com essas informações, é avaliada a necessidade ou não da realização de punção aspirativa do nódulo para melhor definição de suspeita.

Na maior parte das vezes, a presença de um nódulo na tireoide não é câncer, mas é importante que ele seja investigado por um médico.

Diagnóstico

O diagnóstico do câncer da tireoide começa com a história clínica e o exame físico. Muitas vezes, em tumores pequenos, os pacientes são assintomáticos. O diagnóstico normalmente é feito após realização de ultrassonografia do pescoço na qual é encontrado um nódulo. De acordo com as características do nódulo, é feita punção aspirativa, por meio da qual pode ser confirmado o diagnóstico de câncer. Caso seja esse o resultado, o paciente é encaminhado ao cirurgião para tratamento.

Tratamento

O tratamento do câncer da tireoide é cirúrgico. A tireoidectomia (retirada da tireoide) total ou parcial (em casos indicados) é o tratamento de escolha.

O tratamento dos carcinomas bem diferenciados (papilífero e folicular) depende dos riscos associados (extensão da cirurgia e necessidade da complementação terapêutica com iodo radioativo).

Alguns outros tipos histológicos, como é o caso dos carcinomas medulares, têm indicação de tireoidectomia total já associada à retirada dos linfonodos vizinhos à glândula.

Em casos de tumores que se espalharam  para gânglios linfáticos cervicais (do pescoço), o tratamento do tumor primário deve ser associado à retirada dos gânglios linfáticos afetados. A complementação terapêutica com o iodo radioativo deve ser sempre utilizada em pacientes com carcinomas bem diferenciados, considerados de alto risco e submetidos à tireoidectomia total.

Atenção:  A informação existente neste portal pretende apoiar e não substituir a consulta médica. Procure sempre uma avaliação pessoal com o Serviço de Saúde.

Fonte:  INCA

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Sinais e sintomas do Câncer Colorretal

 

O câncer colorretal pode não apresentar qualquer manifestação clínica, mas, se ocorrer, pode causar um ou mais dos seguintes sintomas:

  • Diarreia ou constipação.
  • Sensação de que o intestino não é completamente esvaziado.
  • Presença de sangue nas fezes.
  • Dor abdominal tipo cólica, sensação de inchaço abdominal.
  • Cansaço e fadiga.
  • Perda de peso sem um motivo específico.

Os cânceres colorretais podem muitas vezes causar sangramento no trato digestivo. Às vezes, o sangue pode ser visto nas fezes ou estas parecem estar mais escuras, no entanto, muitas vezes, as fezes parecem normais. Mas, com o tempo, a perda de sangue pode ser cumulativa provocando anemia. Às vezes, o primeiro sinal do câncer colorretal é a diminuição dos glóbulos vermelhos no exame de sangue.

Algumas pessoas podem apresentar sinais de que o câncer se espalhou para o fígado com aumento do fígado perceptível no exame físico, icterícia ou dificuldade para respirar devido a disseminação da doença para os pulmões.

Estes sintomas também estão relacionados a outras doenças, como infecção, hemorroidas ou síndrome do intestino irritável, não sendo necessariamente sinais e sintomas exclusivos do câncer colorretal. Entretanto, existindo qualquer um desses sintomas, um médico deverá ser consultado para o diagnóstico preciso e o início do tratamento caso necessário.

Recomendações para o rastreamento do Câncer Colorretal

Pessoas com risco médio

Recomenda-se que as pessoas com risco médio para câncer colorretal iniciem o rastreamento regular aos 45 anos.

As pessoas em bom estado geral de saúde e expectativa de vida de mais de 10 anos devem manter o rastreamento do câncer colorretal regularmente até os 75 anos de idade.

Para pessoas com idades entre 76 e 85 anos, a decisão de fazer o rastreamento deve estar baseada em suas preferências pessoais, expectativa de vida, estado geral de saúde e histórico de rastreamento anterior. Pessoas com mais de 85 anos não precisam mais fazer o rastreamento de câncer colorretal.

Para o rastreamento, considera-se que uma pessoa tem risco médio se não apresentar:

  • Histórico pessoal de câncer colorretal ou certos tipos de pólipos.
  • Histórico familiar de câncer colorretal.
  • Histórico pessoal de doença inflamatória intestinal (colite ulcerativa ou doença de Crohn).
  • Síndrome de câncer colorretal hereditário confirmada ou suspeita, como polipose adenomatosa familiar ou síndrome de Lynch.
  • Histórico pessoal de radioterapia prévia do abdome ou região pélvica.

Opções de exames para rastreamento de câncer colorretal

     Exames que diagnosticam principalmente o câncer (Exames nas fezes):

  • Exame imunoquímico fecal (FIT), anualmente.
  • Exame de sangue oculto nas fezes pelo teste do guaiacol, anualmente.
  • Exame de DNA nas fezes, a cada 3 anos.

     Exames que diagnosticam pólipos e câncer:

  • Colonoscopia, a cada 10 anos.
  • Colonografia CT (colonoscopia virtual), a cada 5 anos.
  • Sigmoidoscopia flexível, a cada 5 anos.

Pessoas com risco aumentado ou alto

As pessoas com risco aumentado ou alto de câncer colorretal podem precisar iniciar o rastreamento antes dos 45 anos, fazer exames com mais frequência e/ou realizar exames específicos. Isso inclui pessoas com:

  • Histórico familiar importante de câncer colorretal ou certos tipos de pólipos.
  • Histórico pessoal de câncer colorretal ou certos tipos de pólipos.
  • Histórico pessoal de doença inflamatória intestinal (Colite ulcerativa ou doença de Crohn).
  • Histórico familiar de síndromes de câncer colorretal hereditárias, como polipose adenomatosa familiar ou síndrome de Lynch.
  • História pessoal de radioterapia prévia do abdome ou região pélvica.

Pessoas com risco aumentado

     Pessoas com um ou mais familiares que tiveram câncer de cólon ou reto

As recomendações de rastreamento para essas pessoas dependem do familiar que teve a doença e da idade no momento do diagnóstico. Algumas pessoas com histórico familiar poderão seguir as recomendações para adultos com risco médio, mas outras podem precisar realizar colonoscopia com maior frequência e, possivelmente, antes dos 45 anos.

     Pessoas que tiveram pólipos removidos durante uma colonoscopia

A maioria dessas pessoas precisará repetir a colonoscopia após 3 anos, mas outras podem precisar repetir antes (ou depois) dos 3 anos, dependendo do tipo, tamanho e número de pólipos.

     Pessoas que tiveram câncer de reto ou cólon

A maioria dessas pessoas começará a realizar colonoscopias regularmente um ano após a cirurgia de retirada do tumor. Outros exames, como ultrassom ou proctoscopia com ultrassom, também podem ser indicados para algumas pessoas com câncer de reto, dependendo do tipo de cirurgia que foi realizada.

     Pessoas que fizeram radioterapia prévia na região do abdome ou pélvica

A maioria dessas pessoas iniciará as colonoscopias ou exames de fezes mais cedo, podendo ser necessário iniciar o rastreamento precocemente, dependendo da idade que tinham ao fazer a radioterapia. O rastreamento geralmente se inicia 5 anos após a radioterapia ou aos 30 anos de idade, o que ocorrer por último. Essas pessoas também farão acompanhamento com mais frequência do que o normal, a cada 3 a 5 anos.

Pessoas com risco alto

     Pessoas com doença inflamatória intestinal (Doença de Crohn ou colite ulcerativa)

Essas pessoas geralmente precisam realizar colonoscopias, iniciando pelo menos 8 anos após o diagnóstico da doença inflamatória intestinal. As colonoscopias de acompanhamento devem ser feitas a cada 1 a 3 anos, dependendo dos fatores de risco para câncer colorretal e dos resultados da colonoscopia anterior.

     Pessoas com determinadas síndromes genéticas

Essas pessoas geralmente precisam fazer colonoscopia. Recomenda-se que o rastreamento se inicie cedo, possivelmente na adolescência, para algumas síndromes, e seja realizado com mais frequência.


Fonte: ONCOGUIA


domingo, 31 de outubro de 2021

Nobel de Medicina: “Os tratamentos contra o câncer eram como tentar consertar uma televisão com um martelo”

 

Oncologista William Kaelin, vencedor do prêmio em 2019, acredita que descobertas nos próximos 10 anos mudarão completamente a luta contra a doença.

O médico William Kaelin não queria vencer o Nobel de Medicina. Sua esposa, a renomada oncologista Carolyn Scerbo, vaticinou que ele acabaria sendo premiado. Juntos se divertiam pensando em como o prêmio sueco, que transforma os vencedores em semideuses no imaginário coletivo, mudaria suas vidas. Em 2015, ela morreu por um câncer cerebral letal aos 54 anos. Kaelin, sem sua “melhor amiga, alma gêmea e companheira de vida”, desejou um ano após o outro não receber a ligação de Estocolmo. Já não queria ganhá-lo, mas estava em todas as apostas. O médico, um nova-iorquino de 63 anos, ajudou a descobrir o mecanismo pelo qual as células detectam o oxigênio disponível e se adaptam a ele, uma descoberta que abriu as portas a novos tratamentos contra seu grande inimigo, o câncer, e também contra a anemia. Em 7 de outubro de 2019, seu telefone tocou em plena noite. Acabava de vencer o Nobel de Medicina.

Kaelin, da Escola de Medicina de Harvard, responde às perguntas do EL PAÍS de sua casa em Boston, antes de participar por videoconferência de uma reunião com jovens cientistas no Instituto de Saúde Global de Barcelona, dentro da Iniciativa Inspiração Prêmio Nobel, apoiada pela Fundação AstraZeneca. “Espero que descubramos algo nos próximos 10 anos que mude completamente a luta contra o câncer”, afirma Kaelin. Ele está na primeira linha para consegui-lo.

Pergunta. Um de seus professores na universidade disse que o senhor não teria futuro na ciência.

Resposta. Sim, já faleceu. Estive no laboratório errado, com o professor errado e com o projeto errado. Mas eu era um garoto de quase 20 anos e acreditei na crítica. Somente após, mais tarde, falar com outros cientistas percebi que talvez o problema não fosse eu.

P. Quando era jovem, o senhor pensava que a biologia era “terrivelmente chata “.

R. Sim, não sou o único. Li as biografias de muitos biólogos de minha geração e muitos deles, como eu, pensavam que a biologia era muito chata, porque era muito descritiva, como colecionar selos. Nas décadas de 1960 e 1970 era preciso memorizar inúmeros nomes de plantas e animais, mas nos faltavam ferramentas para realizar experimentos explicativos. Quando se está no colégio, o mais importante que se pode aprender é a pensar com clareza, de maneira lógica e rigorosa. Se você aprende estudando biologia, maravilha, mas também pode consegui-lo em outras disciplinas. Você pode se reinventar várias vezes pelo caminho, mas precisa aprender a pensar.

P. O senhor nasceu em 1957, o ano do lançamento do satélite soviético Sputnik, e chegou a ir aos desfiles de boas-vindas aos astronautas norte-americanos que chegaram à Lua em 1969. Acha que as crianças de hoje têm heróis científicos suficientes?

R. Quando Barack Obama era presidente, disse que precisávamos de outro momento Sputnik. E soube perfeitamente o que ele queria dizer: esse momento em que a imaginação das pessoas se expande e novas oportunidades aparecem. Eu me beneficiei do interesse na ciência e na engenharia nos anos sessenta, impulsionado pela corrida espacial e pela Guerra Fria. Acho que, pelo menos nos EUA, e temo que em outras partes do mundo, os políticos às vezes perturbam o funcionamento da ciência e questionam as motivações dos cientistas se não gostarem das conclusões. Aí está, por exemplo, a mudança climática. Há pessoas que, por interesses políticos e econômicos, colocam em dúvida as motivações dos cientistas. Isso me preocupa, porque confunde os jovens.

P. Quando sua esposa morreu por um câncer cerebral, o senhor pediu aos que iriam ao funeral que não levassem flores, e sim que fizessem doações à pesquisa do câncer. É preciso mais dinheiro?

R. Ter mais dinheiro e recursos só ajuda. Quanto mais se investir em ciência, mais conhecimento se gera e o tratamento das doenças progride. Mas não é só uma questão de dinheiro, todo o ecossistema é importante: é preciso apoiar a ciência e ter um sistema educacional poderoso. Cumprindo essas condições, quanto mais recursos, melhor. Às vezes não financiamos a ciência o suficiente.

P. Agora que compreendemos melhor os sensores de oxigênio nas células, o que ocorrerá? Quais fármacos podemos ter a curto prazo?

R. Já temos novos remédios que, ao tomá-los, enganam o corpo para que pense que não está recebendo oxigênio suficiente e responda, por exemplo, formando mais glóbulos vermelhos. Um desses remédios, o roxadustat, em que eu estive envolvido, foi recentemente autorizado na Europa como tratamento contra a anemia. Agora sabemos que o câncer frequentemente sequestra o sistema, controlando os sensores de oxigênio, para enganar o corpo e abastecer o tumor de sangue. Há novos fármacos, como os chamados inibidores de HIF-2, que são muito promissores em certos tipos de câncer. O primeiro desses remédios foi aprovado em agosto para o tratamento da doença de Von Hippel-Lindau, uma doença rara que causa câncer, mas ficarei muito surpreso se não forem aprovados também para outros tumores, incluindo o de rim.

P. Em seu discurso do Nobel o senhor afirmou que, na verdade, suas descobertas começam com um estudo do médico britânico Edward Treacher Collins de 1894 [sobre o estranho crescimento de vasos sanguíneos nos olhos de dois irmãos]. A ciência às vezes é muito lenta. Como se pode ir mais rápido?

R. Houve um ponto de inflexão no ano 2000, com a publicação do primeiro rascunho do genoma humano. Algum dia olharemos para trás e diremos que aquilo foi o Big Bang, porque está acelerando radicalmente o progresso nas ciências biomédicas. Estamos em uma época dourada. Não é por acaso que tenha levado tanto tempo para decifrar o que Treacher Collins havia descrito. É que, simplesmente, não tínhamos as ferramentas. Agora tudo anda muito mais rápido.

P. Como era o tratamento de câncer nos anos oitenta?

R. Era baseado principalmente em remédios descobertos por sua capacidade de matar e inibir as células cancerosas em placas de laboratório. Mas não havia um conhecimento real dos segredos moleculares desses tumores. Não sabíamos quais genes eram alterados. Era como tentar consertar uma televisão com um martelo. Agora podemos desenvolver fármacos realmente dirigidos a esses mecanismos moleculares, em vez de depender de medicamentos que matam indiscriminadamente células cancerosas e células normais.

P. Talvez em um futuro próximo, em 10 ou 20 anos, analisaremos a etapa atual e pensaremos que também estávamos consertando a televisão com um martelo.

R. Acho que as coisas mudaram no ano 2000. Correndo o risco de usar outra analogia, acho que estamos tentando consertar um carro e no ano 2000 pelo menos fomos capazes pela primeira vez de abrir o capô e ver o motor. Esse foi o ponto de inflexão.

P. Como o senhor imagina a luta contra o câncer em 10 ou 20 anos?

R. Há uma grande diferença entre a ciência e a engenharia. Quando [o presidente norte-americano John Fitzgerald] Kennedy disse que iríamos colocar um homem na Lua em uma década, foi porque mandar um homem à Lua era principalmente um problema de engenharia. Os princípios científicos necessários já eram conhecidos em 1960, de modo que se podia calcular de maneira fundamentada que em 10 anos seria possível. Em ciência há uma imprevisibilidade muito maior. De repente, aprendemos algo que muda completamente o modo de pensar e aparecem oportunidades que sequer podíamos imaginar. Eu sempre sou um pouco cauteloso em prever como será o tratamento do câncer em uma década, porque me decepcionaria se todas minhas previsões estiverem corretas. Espero que descubramos algo nos próximos 10 anos que mude completamente a luta contra o câncer. Dito isso, precisamos avançar a essa medicina de precisão, em vez das velhas quimioterapias que eram muito rudimentares. Muitos remédios de precisão são utilizados atualmente como único tratamento, mas precisamos combiná-los, porque sabemos que esse é o caminho para curar o câncer e para evitar que apareçam resistências. Um fármaco pode matar as células cancerosas, enquanto outro ativa o sistema imunológico para que seja mais eficiente contra o câncer. Também posso imaginar novas maneiras de corrigir genes defeituosos envolvidos no câncer. Em 10 ou 20 anos podemos ver novos enfoques que agora sequer imaginamos.

Fonte: El País

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Pesquisa aponta possível relação entre tintas de cabelo e câncer de mama

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Um estudo publicado nesta semana pelo National Institute of Environmental Health Sciences diz que milhares dos produtos utilizados para tingir e alisar cabelos podem causar câncer de mama em mulheres que já apresentem algum risco de desenvolver a doença. A associação não é algo novo, mas a correlação entre os produtos e o câncer sempre foram pouco identificados. 
 
Para garantir melhores resultados, os pesquisadores foram atrás de cerca de 47 mil mulheres que haviam sido diagnosticadas com a doença, e essas mulheres também tinham outros casos na família. Os pesquisadores relataram que os maiores índices da doença foram identificados em mulheres que tiveram contato direto com tais produtos.
 
Para os envolvidos na pesquisa, era importante que as participantes fossem de diferentes locais e etnias. Por isso, a pesquisa contou com mulheres dos Estados Unidos e de Porto Rico, o que permitiu uma gama maior de experiências. 1 a cada 10 mulheres se identificavam como afro-americanas, o que permitiu que os grupos fossem subdivididos em raças.
 
As mulheres que se declararam brancas apresentaram um risco 8% maior de desenvolverem a doença, por usar tinta de cabelo permanente uma vez a cada 5 ou 8 semanas. As mulheres negras, que também disseram utilizar tintas de cabelo frequentemente, apresentam 60% de chances de desenvolverem câncer de mama. A porcentagem das mulheres que alisam o cabelo foi a mesma, independente de raça.
 
Ainda assim, esse resultado é relativo, conforme explica um trecho retirado do estudo: “Esse risco absoluto é geralmente um número muito, muito pequeno. Nesse caso, nenhuma das mulheres no estudo teve um diagnóstico prévio de câncer de mama. Mas como as pessoas no banco de dados tinham um membro da família com câncer de mama, o risco de desenvolver a doença já estava acima do da população em geral.”
 
Portanto, é impossível ter uma noção concreta das circunstâncias, visto que os fatores externos – como massa corporal, histórico familiar e idade – também são relevantes para identificar uma possível doença. A especulação é em relação a como produtos químicos podem afetar mulheres que já possuem alguma relação com o câncer.  
 
 
Fonte:Exame

sábado, 23 de novembro de 2019

Instituto Nacional do Câncer alerta: agrotóxicos e transgênicos causam câncer



Resultado de imagem para alimentos transgênicos e agrotóxicos







Desta vez, não somos nós que estamos falando. Não são as camponesas, não são estudantes, nem sem terra,
nem com terra. 

Quem fala agora a vocês é o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Aquele mesmo que devem procurar quando vocês ou algum familiar forem acometidos pelo câncer. 

Diz o INCA, menos de um mês após vocês aprovarem o milho resistente ao 2,4-D, e um dia antes de provavelmente aprovarem o eucalipto transgênico:

"É importante destacar que a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, uma vez que o cultivo dessas sementes geneticamente modificadas exigem o uso de grandes quantidades destes produtos."

Quem diz isso é a ciência, aquela que vocês tanto louvam.

A sociedade brasileira - cientistas, camponesas e camponeses, moradores da cidade e do campo - roga-lhes que impeçam a aprovação de mais transgênicos.
Leiam o posicionamento do INCA:



POSICIONAMENTO DO INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA ACERCA DOS AGROTÓXICOS

O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), órgão do Ministério da Saúde, tem como missão apoiar este Ministério no desenvolvimento de ações integradas para prevenção e controle do câncer. Entre elas, estão incluídas pesquisas sobre os potenciais efeitos mutagênicos e carcinogênicos de substâncias e produtos utilizados pela população, bem como as atividades de comunicação e mobilização para seu controle, em parceria com outras instituições e representantes da sociedade.
O INCA, ao longo dos últimos anos, tem apoiado e participado de diferentes movimentos e ações de enfrentamento aos agrotóxicos, tais como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o Fórum Estadual de Combate aos Impactos dos Agrotóxicos do Estado do Rio de Janeiro, o Dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) “Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde”, a Mesa de Controvérsias sobre Agrotóxicos do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional – Consea e os documentários “O Veneno Está na Mesa 1 e 2”, de Silvio Tendler.
Além disso, junto com outros setores do Ministério da Saúde, incluiu o tema “agrotóxicos” no Plano de Ações Estratégicas de Enfrentamento das Doenças Crônicas Não-Transmissíveis no Brasil (2011-2022). Em 2012, a Unidade Técnica de Exposição Ocupacional, Ambiental e Câncer e a Unidade Técnica de Alimentação, Nutrição e Câncer do INCA organizaram o “I Seminário Agrotóxico e Câncer”, em parceria com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Esse evento reuniu profissionais da área da saúde, pesquisadores, agricultores consumidores para debater os riscos à saúde humana decorrentes da exposição aos agrotóxicos, particularmente sua relação com determinados tipos de câncer.
Em 2013, em conjunto com a Fiocruz e a Abrasco, assinou uma nota alertando sobre os perigos do mercado de agrotóxicos. Nesta perspectiva, o objetivo deste documento é demarcar o posicionamento do INCA contra as atuais práticas de uso de agrotóxicos no Brasil e ressaltar seus riscos à saúde, em especial nas causas do câncer. Dessa forma, espera-se fortalecer iniciativas de regulação e controle destas substâncias, além de incentivar alternativas agroecológicas aqui apontadas como solução ao modelo agrícola dominante. Os agrotóxicos são produtos químicos sintéticos usados para matar insetos ou plantas no ambiente rural e urbano. No Brasil, a venda de agrotóxicos saltou de US$ 2 bilhões para mais de US$7 bilhões entre 2016 e 2018, alcançando valores recordes de US$ 8,5 bilhões em 2019 . Assim, já, alcançamos a indesejável posição de maior consumidor mundial de agrotóxicos, ultrapassando a marca de 1 milhão de toneladas, o que equivale a um consumo médio de 5,2 kg de veneno agrícola por habitante 2 .
É importante destacar que a liberação do uso de sementes transgênicas no Brasil foi uma das responsáveis por colocar o país no primeiro lugar do ranking de consumo de agrotóxicos, uma vez que o cultivo dessas sementes geneticamente modificadas exigem o uso de grandes quantidades destes produtos. O modelo de cultivo com o intensivo uso de agrotóxicos gera grandes malefícios, como poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores e da população em geral. As intoxicações agudas por agrotóxicos são as mais conhecidas e afetam, principalmente, as pessoas expostas em seu ambiente de trabalho (exposição ocupacional). São caracterizadas por efeitos como irritação da pele e olhos, coceira,  Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para defesa agrícola – SINDAG, 
Já as intoxicações crônicas podem afetar toda a população, pois são decorrentes da exposição múltipla aos agrotóxicos, isto é, da presença de resíduos de agrotóxicos em alimentos e no ambiente, geralmente em doses baixas. Os efeitos adversos decorrentes da exposição crônica aos agrotóxicos podem aparecer muito tempo após a exposição, dificultando a correlação com o agente. Dentre os efeitos associados à exposição crônica a ingredientes ativos de agrotóxicos podem ser citados infertilidade, impotência, abortos, malformações, neurotoxicidade, desregulação hormonal, efeitos sobre o sistema imunológico e câncer. Os últimos resultados do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos (PARA) da Anvisa revelaram amostras com resíduos de agrotóxicos em quantidades acima do limite máximo permitido e com a presença de substâncias químicas não autorizadas para o alimento pesquisado.
Além disso, também constataram a existência de agrotóxicos em processo de banimento pela Anvisa ou que nunca tiveram registro no Brasil. Vale ressaltar que a presença de resíduos de agrotóxicos não ocorre apenas em alimentos in natura, mas também em muitos produtos alimentícios processados pela indústria, como biscoitos, salgadinhos, pães, cereais matinais, lasanhas, pizzas e outros que têm como ingredientes o trigo, o milho e a soja, por exemplo. Ainda podem estar presentes nas carnes e leites de animais que se alimentam de ração com traços de agrotóxicos, devido ao processo de bioacumulação. Portanto, a preocupação com os agrotóxicos não pode significar a redução do consumo de frutas, legumes e verduras, que são alimentos fundamentais em uma alimentação saudável e de grande importância na prevenção do câncer.
O foco essencial está no combate ao uso dos agrotóxicos, que contamina todas as fontes de recursos vitais, incluindo alimentos, solos, águas, leite materno e ar. Ademais, modos de cultivo livres do uso de agrotóxicos produzem frutas, egumes, verduras e leguminosas, como os feijões, com maior potencial anticancerígeno.
Outras questões merecem destaque devido ao grande impacto que representam. Uma delas é o fato do Brasil ainda realizar pulverizações aéreas de agrotóxicos, que ocasionam dispersão destas substâncias pelo ambiente, contaminando amplas áreas e atingindo populações. A outra é a isenção de impostos que o país continua a conceder à indústria produtora de agrotóxicos, um grande incentivo ao seu fortalecimento, que vai na contramão das medidas protetoras aqui recomendadas.
E ainda, o fato de o Brasil permitir o uso de agrotóxicos já proibidos em outros países. Ressalta-se a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) que publicou a Monografia da IARC volume 112, na qual, após a avaliação da carcinogenicidade de cinco ingredientes ativos de agrotóxicos por uma equipe de pesquisadores de 11 países, incluindo o Brasil, classificou o herbicida glifosato e os inseticidas malationa e diazinona como prováveis agentes carcinogênicos para humanos (Grupo 2A) e os inseticidas tetraclorvinfós e parationa como possíveis agentes carcinogênicos para humanos (Grupo 2B).
Destaca-se que a malationa e a diazinona e o glifosato são autorizados e amplamente usados no Brasil, como inseticidas em campanhas de saúde pública para o controle de vetores e na agricultura, respectivamente. Além dos efeitos tóxicos evidentes descritos na literatura científica nacional e internacional, as ações para o enfrentamento do uso dos agrotóxicos têm como base o Direito Humano à Alimentação Adequada – DHAA (previsto nos artigos 6º e 227º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988), a Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, a Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo e da Floresta - PNSIPCF , a Política Nacional de Saúde do Trabalhador e da trabalhadora e a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica - PNAPO.
Considerando o atual cenário brasileiro, os estudos científicos desenvolvidos até o presente momento e os marcos políticos existentes para o enfrentamento do uso dos agrotóxicos, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) recomenda o uso do Princípio da Precaução e o estabelecimento de ações que visem à redução progressiva e sustentada do uso de agrotóxicos, como previsto no Programa Nacional para Redução do uso de Agrotóxicos (Pronara). Em substituição ao modelo dominante, o INCA apoia a produção de base agroecológica em acordo com a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Este modelo otimiza a integração entre capacidade produtiva, uso e conservação da biodiversidade e dos demais recursos naturais essenciais à vida. Além de ser uma alternativa para a produção de alimentos livres de agrotóxicos, tem como base o equilíbrio ecológico, a eficiência econômica e a justiça social, fortalecendo agricultores e protegendo o meio ambiente e a sociedade. A elaboração e a divulgação deste documento têm como objetivo contribuir para o papel do INCA de produzir e disseminar conhecimento que auxilie na redução da incidência e mortalidade por câncer no Brasil.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

Câncer de mama pode ter diagnóstico precoce com exame de sangue




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O câncer de mama foi apontado como o segundo mais comum no mundo em 2018, com 25,4% de novos casos diagnosticados, de acordo com os dados divulgados pelo American Institute for Cancer Research. A doença é uma das principais causas de morte entre as mulheres, mesmo sendo o tipo de câncer que possui maior taxa de cura. E esses dados conflitantes ocorrem, principalmente, por conta do diagnóstico tardio. Atualmente, o autoexame e a mamografia são prevenções efetivas que buscam pequenos nódulos nos seios que indicam o início do câncer. Mas seria muito mais efetivo para a saúde das mulheres, se conseguissem detectar a doença de forma mais simples do que os métodos atuais, e antes mesmo, de aparecerem os primeiros tumores. Isso foi o que norteou o estudo dos pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, para descobrir como o câncer de mama poderia ser diagnosticado até cinco anos antes de aparecerem os primeiros sinais da doença, por meio de uma amostra de sangue do paciente. Alguns dados importantes dessa pesquisa foram apresentados neste ano na Conferência Nacional de Câncer em Glasgow, na Escócia e vamos abordá-los ao longo do texto. A lógica do novo estudo para detectar câncer de mama Os pesquisadores não focaram nas células cancerígenas, porque são justamente essas que causam o nódulo nos seios, mas sim nos antígenos produzidos por elas - estes que desencadeiam o sistema de defesa do nosso organismo para produzir anticorpos contra a doença. A partir disso, eles descobriram que os antígenos associados a tumores (TAAs) podem estar presentes no sangue do paciente, antes mesmo das células da doença se multiplicarem e formarem o câncer propriamente dito. O teste realizado na pesquisa para detectar câncer de mama com amostras de sangue A equipe coletou 180 amostras de sangue, sendo 90 com pacientes recém-diagnosticados com câncer de mama e os outros 90, de pacientes sem a doença, para servir como grupo de controle da pesquisa. Com a ajuda de uma tecnologia de triagem, a protein microarray, os pesquisadores conseguiram rastrear nas amostras de sangue, a presença de 40 TAAs associados ao câncer de mama. Assim, desenvolveram uma tabela para analisar se as amostras de sangue colhidas apresentavam os TAAs da doença. Os resultados apresentaram razoável precisão, apontando que em 37% das amostras de sangue colhidas dos pacientes com câncer de mama, existiam sim os TAAs da doença e em 79% das amostras coletadas do grupo de controle, confirmaram a ausência da patologia. Os próximos passos Com esses dados, as primeiras conclusões do estudo foram tidas como iniciais e que mais testes devem ser realizados, para se tornarem realmente conclusivos. E sendo efetivo, daqui, no máximo cinco anos, é possível que esse diagnóstico precoce por meio de amostras de sangue já esteja disponível em todas as clínicas do mundo. A equipe de pesquisadores de Nottingham estão confiantes e vão realizar uma segunda análise para testar amostras de sangue em 800 pacientes, para comprovar se o estudo é conclusivo ou não. Sendo assim, basta esperar os próximos resultados para ver se a revolução para diagnosticar o câncer de mama poderá ser realizado por meio de amostras de sangue. O câncer de mama foi apontado como o segundo mais comum no mundo em 2018, com 25,4% de novos casos diagnosticados, de acordo com os dados divulgados pelo American Institute for Cancer Research. A doença é uma das principais causas de morte entre as mulheres, mesmo sendo o tipo de câncer que possui maior taxa de cura. E esses dados conflitantes ocorrem, principalmente, por conta do diagnóstico tardio. Atualmente, o autoexame e a mamografia são prevenções efetivas que buscam pequenos nódulos nos seios que indicam o início do câncer. Mas seria muito mais efetivo para a saúde das mulheres, se conseguissem detectar a doença de forma mais simples do que os métodos atuais, e antes mesmo, de aparecerem os primeiros tumores. Isso foi o que norteou o estudo dos pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Nottingham, na Inglaterra, para descobrir como o câncer de mama poderia ser diagnosticado até cinco anos antes de aparecerem os primeiros sinais da doença, por meio de uma amostra de sangue do paciente. Alguns dados importantes dessa pesquisa foram apresentados neste ano na Conferência Nacional de Câncer em Glasgow, na Escócia e vamos abordá-los ao longo do texto. A lógica do novo estudo para detectar câncer de mama Os pesquisadores não focaram nas células cancerígenas, porque são justamente essas que causam o nódulo nos seios, mas sim nos antígenos produzidos por elas - estes que desencadeiam o sistema de defesa do nosso organismo para produzir anticorpos contra a doença. A partir disso, eles descobriram que os antígenos associados a tumores (TAAs) podem estar presentes no sangue do paciente, antes mesmo das células da doença se multiplicarem e formarem o câncer propriamente dito. O teste realizado na pesquisa para detectar câncer de mama com amostras de sangue A equipe coletou 180 amostras de sangue, sendo 90 com pacientes recém-diagnosticados com câncer de mama e os outros 90, de pacientes sem a doença, para servir como grupo de controle da pesquisa. Com a ajuda de uma tecnologia de triagem, a protein microarray, os pesquisadores conseguiram rastrear nas amostras de sangue, a presença de 40 TAAs associados ao câncer de mama. Assim, desenvolveram uma tabela para analisar se as amostras de sangue colhidas apresentavam os TAAs da doença. Os resultados apresentaram razoável precisão, apontando que em 37% das amostras de sangue colhidas dos pacientes com câncer de mama, existiam sim os TAAs da doença e em 79% das amostras coletadas do grupo de controle, confirmaram a ausência da patologia. Os próximos passos Com esses dados, as primeiras conclusões do estudo foram tidas como iniciais e que mais testes devem ser realizados, para se tornarem realmente conclusivos. E sendo efetivo, daqui, no máximo cinco anos, é possível que esse diagnóstico precoce por meio de amostras de sangue já esteja disponível em todas as clínicas do mundo. A equipe de pesquisadores de Nottingham estão confiantes e vão realizar uma segunda análise para testar amostras de sangue em 800 pacientes, para comprovar se o estudo é conclusivo ou não. Sendo assim, basta esperar os próximos resultados para ver se a revolução para diagnosticar o câncer de mama poderá ser realizado por meio de amostras de sangue. 

Fonte:  ONCOGUIA